O começo do fim, a carta.

Photo by Gaia2313

Mangueirinha, 27 de janeiro de 2013.

Prezado você:

"Mais uma vez você foi embora e eu não disse o que eu sinto. Na verdade, eu nunca soube lidar com isso. E me diz, quem consegue? Não é nada fácil ter que dar as rédias no que você sente e tentar entender também o que a outra pessoa sente. Eu ainda não sei o que fazer diante do seu jeito. Me sinto uma imbecil quando você me põe ao seus braços, é como se dentro de mim se tornasse um sambódromo e todos os sentimentos ficam ali, celebrando o carnaval ou melhor, celebrando o aconchego do seu abraço.

Eu tenho vontade de jogar as palavras pra fora e dizer tudo o que esta acontecendo. Mais uma vez eu falho. Você me olha com aquela cara de "Eu sei que você quer mais" e vai embora. Sou muito tola. Eu poderia ter aproveitado aqueles cinco segundos antes de você sair pela porta pra dizer tudo, sem manhas, dúvidas e infantilidade. Jogar as palavras ao limpo e ter o que eu vivo imaginando antes de pegar no sono.

Não sei até quando vou ter chances pra dizer. Dizer que eu quero mais de você. Mais de mim. Mais de nós dois. Chegar na sua frente, suspirar e dizer aquelas declarações de amor típicas de filme sabe? Dizer que apesar de pouco que eu posso te oferecer, o que eu sinto é muito. É ridículo e contra a minha real vontade, eu te escrevo apenas uma carta. Uma carta como forma de alivio, uma carta cheia de esperança e de desabafos. Afinal, não é fácil aturar tudo isso durante um ano e meio.

Ninguém nunca fez eu me sentir bem assim. Nunca me acolheram pelo que eu era e sim só pelo que eu poderia proporcionar, mas contigo é diferente. Eu sinto, eu sei! Quero te dizer apenas mais uma coisa. Não desmarque nossa pizza no próximo sábado, eu preciso olhar nos seus olhos castanhos azulados nem que seja pela última vez antes de você me deixar. Antes de realmente começarmos."

Songe après songe tu me manques 

Eu.